sexta-feira, 15 de julho de 2011

A visita do Dr.

Batiam na porta...
Ela desceu as escadas em passos rapidos e logo alcançou a maçaneta. Quando a girou, o vento quase a empurrou para tras. Ele rapidamente entrou, forçando a porta atras de si.
- Boa noite Doutor.
- Boa noite. Onde ela está?
- Lá em cima. Está muito mal.
- Então vamos subir rápido.- ele disse já vencendo os primeiros degraus.
Entraram em um quarto limpo porem à meia luz. A janela coberta por uma cortina clara, deixava tranparecer as arvores que lá fora se contorciam com a força do vento.
Na cama estava uma pessoa muito branca quase a confundir-se com os lençois umidos de suor.
- A febre está muito alta mesmo - ele disse após medir-lhe a temperatura. - pode me ouvir? - perguntou à enferma sem ter resposta.
- Ela não responde nada há dias doutor, e agora com a febre, nem parece estar neste mundo. Tudo isso por causa daquele maldido.
- Ele apareceu por aqui? - perguntou o médico com real interesse.
- Não. Não o vimos desde aquele dia.
- Como é mesmo o nome dele? *?
A doente em um impulso sobre humano, elevou-se da cama, tentando se levantar. Pos-se então a gritar. Mas sua fraqueza fazia com que seus gritos parecessem com miados de um gato cançado.
- *... É você? Você voltou para mim? ... * onde está você?
- Esta vendo doutor? É por isso que não dizemos o nome dele nesta casa.
- Ajude-me a contê-la, ela tem que ficar deitada. - alertou o médico.- segure enquanto lhe prepara uma injeção.
A paciente continuava a dizer coisas sem sentidos. Falava uma hora de amor, noutra de ódio. Falava de dias passados e de um futuro que nunca chegaria a conhecer. E equanto falava, o sedativo começava a fazer efeito. Até que aquele frágil corpo ficou imóvel. Algo parecido com a morte. Morrer deveria ser exatamente aquilo.
Desceram.
Ele e ela ainda conversaram por muito tempo. A tempestade lá fora dava sinais de enfraquecimento.
Ele lhe disse que ela ficaria bem, com os medicamentos, cuidados e muito repouso.
- Ela precisa descansar... principalmente sua mente...
- Talvez se ele estivesse aqui Doutor...
- Sim... talvez a história seria diferente - disse o médico para si enquanto deixava aquela sala e seguia ao encontro da tempestade que chegava ao fim.

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