Andava, porque perdeu o ônibus.
O sol estava quente. Quente demais para aquela época do ano.
De um lado ao outro calçadas sujas e mal conservadas.
Aproximava-se de um bar nojento que ficava na esquina.
Como de costume, os homens se prostavam à porta para vê-la passar enquanto lhe diziam palavras chulas.
E como de costume, baixava a cabeça, como se procurasse a origem daquelas palavras entre os vermes que rastejavam pelo chão.
Bastava continuar em frente, que tudo aquilo ficaria para trás.
Fabiola sabia disso. Por isso seguia andando.
Olhava para a frente e uma poeira suja lhe fazia serrar os olhos.
Por todo o lado, só via sujeira e devastação.
Parou por alguns instantes diante do ponto de ônibus.
Forçou a vista um pouco mais para o horizonte.
Ao longe, aqueles prédios da cidade lhe pareciam ainda mais distantes.
E o desânimo lhe oprimia a pouca esperança, que parecia a murchar diante o lírio de fogo que lhe cobria do céu.
Olhou mais uma vez para o ponto de ônibus e antes de continuar sua jornada pensou:
Talvez amanhã.
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