domingo, 10 de julho de 2011

Fabiola na terra do fogo



Andava, porque perdeu o ônibus.

O sol estava quente. Quente demais para aquela época do ano.

De um lado ao outro calçadas sujas e mal conservadas.

Aproximava-se de um bar nojento que ficava na esquina.

Como de costume, os homens se prostavam à porta para vê-la passar enquanto lhe diziam palavras chulas.

E como de costume, baixava a cabeça, como se procurasse a origem daquelas palavras entre os vermes que rastejavam pelo chão.

Bastava continuar em frente, que tudo aquilo ficaria para trás.

Fabiola sabia disso. Por isso seguia andando.

Olhava para a frente e uma poeira suja lhe fazia serrar os olhos.

Por todo o lado, só via sujeira e devastação.

Parou por alguns instantes diante do ponto de ônibus.

Forçou a vista um pouco mais para o horizonte.

Ao longe, aqueles prédios da cidade lhe pareciam ainda mais distantes.

E o desânimo lhe oprimia a pouca esperança, que parecia a murchar diante o lírio de fogo que lhe cobria do céu.

Olhou mais uma vez para o ponto de ônibus e antes de continuar sua jornada pensou:

Talvez amanhã.

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