Eu sempre gostei de Mitologia Grega.
Não ao pé da letra, com todas as tolices inerentes aos absurdos que continham.
Mas ao lirismo contagiante que inspirou as grandes obras no nosso mundo ocidental.
As passagens mitológicas simplesmente me fascinam por poderem ultrapassar as barreiras da imaginação sem medo de cair no ridículo.
E uma que sempre me atraiu, não tanto pela história, mas pelo conteúdo que carrega, é a lenda de Ícaro.
Certa vez vi essa pintura que antecede o texto.
Fiquei um bom tempo observando a figura sem vida entre as ninfas do mar.
Impossível recriminar sua desobediência diante da oportunidade de vôos mais altos.
E durante os minutos, talvez horas, que fiquei a contemplar esta imagem, me coloquei no lugar daquele jovem. E por um instante, percebi que nem mesmo o medo da morte é capaz de freiar o impulso de ir mais longe.
Daqui do chão, quando acerto um salto maior que a aparente capacidade de minhas pernas, chego a sentir o sabor da felicidade em pequenas doses.
Imagino a sensação que seria, subir aos céus nas asas de Icaro...
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