quarta-feira, 31 de agosto de 2011
O Rock in Rio do Senhor Jeremias
Para quem não conhece o Seu Jeremias, ele é o meu visinho.
Um senhor muito simpático no auge dos seus 50 anos. Daquele tipo de coroa que esquece que é velho. Vira e mexe está no meio da garotada. Mas diferente do tio da sukita, ele é bem querido por todo mundo aqui do prédio.
Quando tinha algum movimento no salão de festa, rolando um rock mais pesado, ele sempre aparecia sem ser convidado, ia chegando, e quando a gente via, tava no meio da galera, pulando, gritando. Acabou que agora ele sempre é convidado com antecedência.
Seu Jeremias é o típico cara comum que trabalha em uma repartição pública. Mas o legal é que sabe tocar guitarra e violão, e de vez em quando a gente se reune junto com ele no patio do condomínio para beber, tocar e cantar. É o maior sarro quando ele se anima, e começa a tocar Raul, Pink Floyd, Metálica... Ele realmente manda muito bem quando o assunto é Rock.
Em uma destas reuniões, entre os muitos assuntos e brincadeiras, alguém falou do Rock 'in Rio. Nisso, o Sr Jeremias, simplesmente fechou a cara, se levandou e saiu. Ninguém conseguiu entender o que tinha acontecido. Dias depois, ele reapareceu na festinha de aniversário da Ritinha. A gente achou melhor não perguntar nada.
Ele, como sempre, era a animação em pessoa. Bebeu, cantou, tocou e bebeu ainda mais. Naquela noite ele bebeu além do que estava acostumado.
Final de festa, só tinha ficado a galera já conhecida. Eis que alguém mensionou a promoção do Trident, que leva o sorteado ao Rock in Rio na faixa. Seu Jeremias ficou louco de pedra:
- Que mané porra de Rock in Rio!!! Rock in Rio é o Caralho!!! Ainda mais com promoção!!! Promoção de cú é rola!!! - tentou se levantar, rodopiou, desequilibrou. Ia caindo quando a turma o segurou.
O colocamos sentado. E aproveitando do seu estado etílico, ele nos contou sua triste historia:
Era idos de 1985.
E ele era um jovem de 20 e poucos anos que morava no interior de Goiás.
Havia sido sorteado no concurso do achocolatado Nescau. Como prêmio iria para a cidade maravilhosa em grande estilo e assitiria ao Rock in Rio, naquela época em sua primeira edição.
Aquilo para ele tinha sido o grande apice de sua vida. Ainda mais quando descobriu que entre tantas novidades, ele desceria de para-quedas no meio da plateia durante o show. Era algo nunca feito antes. Nunca tentado em nenhum show brasileiro.
E o Jovem Jeremias embarcou em um avião rumo ao Rio de Janeiro. Tudo era novidade para ele. A aeronave, o aeroporto, o hotel, a cidade, as praias. Tudo era lindo!
Horário combinado, lá estava o carro do achocolatado para leva-lo ao aero clube, onde embarcaria em um avião para saltar sobre a cidade do rock, que já estava cheia de rockeiros.
Era um sonho. No início ele sentiu medo. Principalmente quando se aproximou da porta do avião para o salto. A produção de marketing do achocolatado filmava tudo. Seria um material publicitário e tanto.
E Jeremias olhou para a câmera e gritou: "É Rock in Roll!!!" E saltou!
A queda livre durou poucos segundos. O paraquedas abriu quase que imediatamente. E lá do alto, após recuperar o fôlego, Jeremias olhava maravilhado a vista da cidade do Rock brilhando enquanto lá embaixo as pessoas estavam vibrando ao som do AC/DC que tocava "Hells Bells".
Quando o paraquedas foi se aproximando do público, alguns holofotes foram desviados e direcionados para ele, para que as pessoas pudessem ver a chegada triunfal do jovem Jeremias.
Ocorre que os seres humanos são muito imprevisíveis. E o que se passou a seguir, até hoje não poderia ser explicado com segurança.
Talvez foi o sentimento de inveja que tomou conta do público.
Talvez tenha sido, porque o para-quedas quando desceu, tampou a visão da galera que estava curtindo do show, deixando todos violentos.
Talvez porque, pela falta de experiência no pouso, Jeremias tenha descido direto com a sola do sapato na careca de um fortão que vestia um blusão de couro de um clube de motoqueiros.
Pode ter sido um ou todos estes motivos que colocaram fim na aventura de Jeremias.
Assim que ele chegou ao chão foi recebido com socos e chutes pela galera emcoberta pelo paraquedas.
Jeremias apanhou mais que boneco de judas em sabado de aleluia. E a agressão só parou quando ele parou de se mexer.
E o pobre Jeremias ficou desacordado e foi pisoteado até ser localizado pela equipe do achocolatado. Quando recuperou os sentidos, 2 dias depois, estava no leito de um hospital carioca de onde sairia apenas na outra semana.
O saldo da aventura ficou em: 3 costelas quebradas, inumeras luxações por todo o corpo, pontos na cara e na cabeça. Por sorte não lhe quebraram nenhum dente.
A equipe do achocolatado abafou o caso.
A campanha publicitária nunca foi ao ar.
E Jeremias foi devolvido para Goiás, com uma indenização mizerável, que só foi paga após assinar vários documentos isentando a responsabilidade da empresa pelo "incidente".
Mais de vinte e anos depois, um bando de jovens seguram o riso enquanto o Senhor Jeremias, escorado na poltrona da casa da Ritinha, bebado que nem um gambá, indignado diz com a voz engrolada:
- Rock in Rio??? Rock in Rio é o Caralho!!!
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
3.3
Mais um ano.
Mais 4 estações se passaram.
Ontem me disseram algo que não poderiam deixar de serem escritos aqui: "O Sol faz aniversário todos os dias, porque nasce todas as manhas."
E na manha de hoje, fui obrigado a olhar para o céu com outros olhos.
Nesta manha, o sol ganhou um sorriso meu. Não porque aniversario nesta data, mas porque hoje me senti mais vivo. Renascido.
Olhei em minha frente e vi uma folha em branco. Em minhas mãos, pincéis e tintas. A paisagem a ser retratada há muito está em minha mente. E a Felicidade começa com a letra "F".
Mais 4 estações se passaram.
Ontem me disseram algo que não poderiam deixar de serem escritos aqui: "O Sol faz aniversário todos os dias, porque nasce todas as manhas."
E na manha de hoje, fui obrigado a olhar para o céu com outros olhos.
Nesta manha, o sol ganhou um sorriso meu. Não porque aniversario nesta data, mas porque hoje me senti mais vivo. Renascido.
Olhei em minha frente e vi uma folha em branco. Em minhas mãos, pincéis e tintas. A paisagem a ser retratada há muito está em minha mente. E a Felicidade começa com a letra "F".
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Onde a esperança tem outra cor.
Eu sempre ouvi dizer que a esperança é verde.
Em todos os lugares do mundo isso pode ser verdade. Mas de onde eu venho, a esperança tem outra cor.
Em uma certa época do ano, quando o sol castiga e a chuva desaparece, os campos verdes secam e tudo em volta se pinta de tons tristes. A terra fica com um aspecto desolador, marron, cinza e palha. O clima quente castiga tudo anda ou se arrasta sobre a terra. É como se a mãe terra se vingasse dos filhos ingratos que consumiram suas arvores e rios.
O homem olha para o céu e não consegue ver cores em um futuro que parece não chegar. Anda, procura, e tudo o que vê o desanima. Fica a impressão que o mundo está chegando ao fim.
Mas de onde eu venho a esperança é amarela. Ela desabrocha no alto da copa das grandes árvores solitárias que o homem não derrubou.
É como se a terra ofertasse um buque de flores de um amarelo vivo aos céus, demonstrando seu respeito, e sua gratidão.
Perdido em dias tristes e secos, a visão destas estrelas em meio a terra devastada, reforça minha esperança em dias melhores.
Daqui a poucos dias as flores amarelas irão ao chão. Mas este suspiro é suficiente para renovar as forças até que as chuvas retornem trazendo o verde de volta.
Em todos os lugares do mundo isso pode ser verdade. Mas de onde eu venho, a esperança tem outra cor.
Em uma certa época do ano, quando o sol castiga e a chuva desaparece, os campos verdes secam e tudo em volta se pinta de tons tristes. A terra fica com um aspecto desolador, marron, cinza e palha. O clima quente castiga tudo anda ou se arrasta sobre a terra. É como se a mãe terra se vingasse dos filhos ingratos que consumiram suas arvores e rios.
O homem olha para o céu e não consegue ver cores em um futuro que parece não chegar. Anda, procura, e tudo o que vê o desanima. Fica a impressão que o mundo está chegando ao fim.
Mas de onde eu venho a esperança é amarela. Ela desabrocha no alto da copa das grandes árvores solitárias que o homem não derrubou.
É como se a terra ofertasse um buque de flores de um amarelo vivo aos céus, demonstrando seu respeito, e sua gratidão.
Perdido em dias tristes e secos, a visão destas estrelas em meio a terra devastada, reforça minha esperança em dias melhores.
Daqui a poucos dias as flores amarelas irão ao chão. Mas este suspiro é suficiente para renovar as forças até que as chuvas retornem trazendo o verde de volta.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Tanto e Pouco
Tanto para escrever
A cada instante, uma nova idéia. Um novo pensamento que salta da minha mente frente a uma ou outra observação.
Mas tão pouco tempo para faze-lo
Vamos como calma
A cada instante, uma nova idéia. Um novo pensamento que salta da minha mente frente a uma ou outra observação.
Mas tão pouco tempo para faze-lo
Vamos como calma
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
a felicidade...
Durante todos os dias que se seguiram, eu fiquei ao seu lado naquela viagem.
Sua companhia havia sido realmente um achado fantástico. Como se, entre a enorme quantidade de seres diferentes que por ali perambulavam, eu tivesse sido escolhido para ser feliz.
Naquele dia em específico, caminhávamos nas areias de uma das praias mais lindas do mundo.
Falavamos de trivialidades. De nossas vidas, de nossos futuros. de nossos sonhos, de nossos medos.
O sol já se guardava no horizonte quando chegamos à porta da hospedaria. Nos despedimos e cada um foi para seu quarto. Mais tarde nos encontramos novamente na orla e nos colocamos novamente a caminhar e conversar por toda a noite.
No dia seguinte ao abrir a janela do quarto de hotel, fui surpreendido com uma das cenas mais incríveis da minha vida. O céu nublado oferecia um dia prateado que eu nunca havia visto em toda a minha existência, um dia que surpreendeu em preto e branco, como se todas as outras cores tivessem deixado o mundo para em meu peito.
Rapídamente eu registrei o momento com uma fotografia.
E sempre que olho para esta foto, imagino que a felicidade não precisa ter cor.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Eu sempre gostei de Mitologia Grega.
Não ao pé da letra, com todas as tolices inerentes aos absurdos que continham.
Mas ao lirismo contagiante que inspirou as grandes obras no nosso mundo ocidental.
As passagens mitológicas simplesmente me fascinam por poderem ultrapassar as barreiras da imaginação sem medo de cair no ridículo.
E uma que sempre me atraiu, não tanto pela história, mas pelo conteúdo que carrega, é a lenda de Ícaro.
Certa vez vi essa pintura que antecede o texto.
Fiquei um bom tempo observando a figura sem vida entre as ninfas do mar.
Impossível recriminar sua desobediência diante da oportunidade de vôos mais altos.
E durante os minutos, talvez horas, que fiquei a contemplar esta imagem, me coloquei no lugar daquele jovem. E por um instante, percebi que nem mesmo o medo da morte é capaz de freiar o impulso de ir mais longe.
Daqui do chão, quando acerto um salto maior que a aparente capacidade de minhas pernas, chego a sentir o sabor da felicidade em pequenas doses.
Imagino a sensação que seria, subir aos céus nas asas de Icaro...
Não ao pé da letra, com todas as tolices inerentes aos absurdos que continham.
Mas ao lirismo contagiante que inspirou as grandes obras no nosso mundo ocidental.
As passagens mitológicas simplesmente me fascinam por poderem ultrapassar as barreiras da imaginação sem medo de cair no ridículo.
E uma que sempre me atraiu, não tanto pela história, mas pelo conteúdo que carrega, é a lenda de Ícaro.
Certa vez vi essa pintura que antecede o texto.
Fiquei um bom tempo observando a figura sem vida entre as ninfas do mar.
Impossível recriminar sua desobediência diante da oportunidade de vôos mais altos.
E durante os minutos, talvez horas, que fiquei a contemplar esta imagem, me coloquei no lugar daquele jovem. E por um instante, percebi que nem mesmo o medo da morte é capaz de freiar o impulso de ir mais longe.
Daqui do chão, quando acerto um salto maior que a aparente capacidade de minhas pernas, chego a sentir o sabor da felicidade em pequenas doses.
Imagino a sensação que seria, subir aos céus nas asas de Icaro...
O que procuras?
A cansativa jornada havia chegado ao fim.
Finalmente eu estava diante dos portais do lendário Templo. O sonho tão idealizado agora seria realizado.
Restava apenas vencer as escadarias que levavam aos portais. E de degrau em degrau eu fui relembrando minha existência e minhas lutas.
Cheguei diante da entrada, e não precisei me anunciar. Ali estava a antológica figura do ultimo cavaleiro a guardar o portão. Ele não me atacou, como seria de se esperar. Também, não poderia. Sua imagem era a de um homem, não tão velho, porém já muito cansado. A espessa barba já grisalha, junto com o capuz da malha de cota, praticamente escondiam aquele rosto que já lutara tantas batalhas épicas.
O guardião parecia me esperar há anos. Anos que eu andei ao leu, por estradas estranhas e sinuosas que não me levaram a lugar algum.
- Demorastes a chegar! - foram as primeiras palavras que me disse.
- Cheguei a pensar que não viria. Mas cheguei.- respondi.
Ele estava de pé, escorado em sua velha espada. A visão daquela arma, me fez recordar de uma outra, e quase instintivamente eu perguntei:
- O Senhor realmente a jogou nas águas profundas?
- Sim! Ela jamais poderia ser empunhada novamente por outro que não o herdeiro do Pendragon. E a sua linhagem já se extinguiu a muitas eras.
- É uma pena. Poderíamos estar vivendo em dias melhores. - lamentei quase em um suspiro.
Impassível ele me perguntou.
- Vieste pelo Grau?
- Não... A vida eterna não faria muito sentido para um homem comum.
- Vieste pelos Tesouros?
- Não... Eu não teria onde guarda-los, e não faria uso deles em minha vida.
- Vieste então pela glória?
- Não... Prefiro viver meus dias discretamente.
- Então ... sua chegada me intrigas. O que procuras, jovem cavaleiro? O que lhe trouxe até aqui? O que fora capaz de fazê-lo passar por todos os obstáculos até os portões da realidade?
- Eu procuro a simpatia. Procuro a simpatia de um sorriso. A simpatia de um olhar. Procuro a simpatia honesta e sincera que acorda pela manhã e se deita com a noite. A simpatia natural que aplaca o coração da mais terrivel das feras. A simpatia comedida que faz com procuremos sempre mais, e mais... e sempre a encontremos. A simpatia simples, que reflete a beleza mais pura e simples existente entre as criaturas divinas.
A simpatia que abre portas e derruba muros. A simpatia que finda guerras e reune corações há muito afastados. Eu procuro apenas a simpatia... e nada mais.
- ...
Então após um momento de silêncio, Percival esboçou um único sorriso por tras da branca barba.
- E se não a encontrar aqui? - perguntou-me ele como se desculpasse por algo que pudesse oferecer.
- Então seguirei meu caminho, até encontrar.
Ele então me sorriu um sorriso triste, e virando-se desapareceu por entre as brunas do templo.
Me retirei. Em silêncio. E como disse, segui o meu caminho.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
As belezas de um dia amarelo
Hoje foi um dia amarelo...
O clima quente, o sol forte, a ausência das nuvens de chuva.
Olhei para o dia e ele estava ali amarelo.
E apesar de tudo...
Foi um dia bom...
Eu consegui sorrir, e a vida me sorriu de volta.
Mas na verdade, o que me encantou hoje foram as incertezas e as possibilidades dos dias que virão.
O clima quente, o sol forte, a ausência das nuvens de chuva.
Olhei para o dia e ele estava ali amarelo.
E apesar de tudo...
Foi um dia bom...
Eu consegui sorrir, e a vida me sorriu de volta.
Mas na verdade, o que me encantou hoje foram as incertezas e as possibilidades dos dias que virão.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Medo
Eu andava por uma rua escura, em uma parte velha da cidade. Ainda me lembro que a noite estava quente e que as grandes construções não deixavam o vento refrescar as vidas vazias que por aquelas ruas trasitavam.
Logo cheguei ao lugar. Um antigo galpão abandonado, cujas janelas e portas haviam sido lacradas com tijolos ainda no tempo em que eu nem era nascido. Por fora, além das pixações e cartazes, uma única entrada se fazia aparecer na figura de uma porta de aço cercada de pessoas estranhas como eu, que buscavam na noite escura um acalando que o dia não fora capaz de ofertar.
Rapidamente eu entrava e me juntava no sub mundo do punk rock paulistano.
Naquela noite em especial, uma banda chamada Cólera, tocava uma música chamada MEDO
E foi justamente enquanto tocava essa música, que eu a vi pela primeira vez.
Uma garota típica, dona de uma beleza muito discreta capaz de faze-la passar desapercebida por entre os corpos suados que se trombavam ao som frenético da música gritada pelo vocal.
Eu não a teria visto, não teria sequer reparado em sua presença, não fossem aquele par de olhos.
Eles não eram azuis. E também não eram verdes. Eram olhos vivos.
Num primeiro momento ela me olhou diretamente, depois como por instinto, virou o rosto disfarçando. Mas foi quando seus olhos a traíram. Eram olhos vivos, inquietos, capazes de dizer tudo sobre ela, sem a necessidade de uma palavra sequer.
Fiquei ali olhando, sem dizer nada. Observando-a ser traída por aqueles olhos vivos.
Em meio a toda aquela sujeira e escória. Eles me diziam que ela não era daquele lugar.
E logo quando percebeu que estava sendo observada ela saíu, e eu a segui.
Era tarde, quando ela conseguiu chegar na porta de saída enquanto alguns condenados tentavam entrar. Não fosse o tumulto, teríamos saído juntos, mas ela saiu na minha frente. Olhei ao redor e vi uma silhueta que fazia lembrar sua figura virando uma esquina escura. Parecia ter olhado para tras, observando se eu já tinha saído.
Sem pensar duas vezes eu me atirei na escuridão da noite em busca daquele vulto. Meu coração batia mais alto que a música que atravessando as paredes de velhos tijolos dizia:
"Às vezes tenho medo
Às vezes sinto minha mão
Presa pelo ar
E quando eu olho em volta
Encontro uma multidão
Presa pelo ar."
Logo cheguei ao lugar. Um antigo galpão abandonado, cujas janelas e portas haviam sido lacradas com tijolos ainda no tempo em que eu nem era nascido. Por fora, além das pixações e cartazes, uma única entrada se fazia aparecer na figura de uma porta de aço cercada de pessoas estranhas como eu, que buscavam na noite escura um acalando que o dia não fora capaz de ofertar.
Rapidamente eu entrava e me juntava no sub mundo do punk rock paulistano.
Naquela noite em especial, uma banda chamada Cólera, tocava uma música chamada MEDO
E foi justamente enquanto tocava essa música, que eu a vi pela primeira vez.
Uma garota típica, dona de uma beleza muito discreta capaz de faze-la passar desapercebida por entre os corpos suados que se trombavam ao som frenético da música gritada pelo vocal.
Eu não a teria visto, não teria sequer reparado em sua presença, não fossem aquele par de olhos.
Eles não eram azuis. E também não eram verdes. Eram olhos vivos.
Num primeiro momento ela me olhou diretamente, depois como por instinto, virou o rosto disfarçando. Mas foi quando seus olhos a traíram. Eram olhos vivos, inquietos, capazes de dizer tudo sobre ela, sem a necessidade de uma palavra sequer.
Fiquei ali olhando, sem dizer nada. Observando-a ser traída por aqueles olhos vivos.
Em meio a toda aquela sujeira e escória. Eles me diziam que ela não era daquele lugar.
E logo quando percebeu que estava sendo observada ela saíu, e eu a segui.
Era tarde, quando ela conseguiu chegar na porta de saída enquanto alguns condenados tentavam entrar. Não fosse o tumulto, teríamos saído juntos, mas ela saiu na minha frente. Olhei ao redor e vi uma silhueta que fazia lembrar sua figura virando uma esquina escura. Parecia ter olhado para tras, observando se eu já tinha saído.
Sem pensar duas vezes eu me atirei na escuridão da noite em busca daquele vulto. Meu coração batia mais alto que a música que atravessando as paredes de velhos tijolos dizia:
"Às vezes tenho medo
Às vezes sinto minha mão
Presa pelo ar
E quando eu olho em volta
Encontro uma multidão
Presa pelo ar."
TudoJuntoeMisturado
naquelediaquandonósacordamosdescobrimosqueestávamostodosjuntosemisturadosquenãohaviampontosquenosdiferenciassemenãohaviamespaçosquenosseparassemnoinicioeratudolindoemaravilhosomaslogodescobrimosqueestauniãohaviaacabadocomnossaintimidaderesolvemosvoltarlogoadormir.
No outro dia, quando acordamos. Tudo estava normal.
Todos os pontos, todos os espaços...
...E ainda hoje, quando dormimos, pedimos a deus que aquela união não volte a acontecer.
No outro dia, quando acordamos. Tudo estava normal.
Todos os pontos, todos os espaços...
...E ainda hoje, quando dormimos, pedimos a deus que aquela união não volte a acontecer.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Um dia de rosas
Ele tinha uns seis anos de idade, enquanto ela mal tinha completado os cinco.
Mas apesar da pouca idade, ambos se olhavam, e tinham a convicção de que se casariam um dia.
Um dia...
Um dia significaria uma torrente de dias seguidos ou saltados, dias únicos e inesquecíveis ou contados em períodos a voar como folhas de calendários. Como as coisas mais importantes da vida não são unas nem exatas, mas toda uma sequência que perfaz um conjunto incrível e maravilhoso para ser vivido.
Significaria a indiferença sobre uma cadeira dura na escola. Passeios na praça. Algumas tentativas mais ousadas no escuro do cinema. Incontáveis beijos de amor e as sufocantes brigas que se iniciaram com motivos mais banais do que a forma com a qual se resolviam.
Seria a cumplicidade nos momentos felizes e a expressão mais oprimida do egoísmo nas horas dificeis. A crença na existência soberana do verdadeiro amor, disputando com as facilidades de uma vida desregrada em Passárgada ou mesmo pelas efêmeras oportunidades.
Então virão novas vidas. E virão novos dias. E velhos dias denovo.
Um dia, a vida irá separa-los, como a ultima folha do ramo é arrancada pelo vento que chega eufórico do sul. E apartir de então, serão só lembranças dos dias que se foram.
Um dia...
Mas por enquanto eles nada sabem. São crianças. Dão-se as mãos e ofertam flores como a mais pura forma de exprimir a felicidade que carregam consigo. E seguem de mãos dasdas vivendo mais um dia.
Mas apesar da pouca idade, ambos se olhavam, e tinham a convicção de que se casariam um dia.
Um dia...
Um dia significaria uma torrente de dias seguidos ou saltados, dias únicos e inesquecíveis ou contados em períodos a voar como folhas de calendários. Como as coisas mais importantes da vida não são unas nem exatas, mas toda uma sequência que perfaz um conjunto incrível e maravilhoso para ser vivido.
Significaria a indiferença sobre uma cadeira dura na escola. Passeios na praça. Algumas tentativas mais ousadas no escuro do cinema. Incontáveis beijos de amor e as sufocantes brigas que se iniciaram com motivos mais banais do que a forma com a qual se resolviam.
Seria a cumplicidade nos momentos felizes e a expressão mais oprimida do egoísmo nas horas dificeis. A crença na existência soberana do verdadeiro amor, disputando com as facilidades de uma vida desregrada em Passárgada ou mesmo pelas efêmeras oportunidades.
Então virão novas vidas. E virão novos dias. E velhos dias denovo.
Um dia, a vida irá separa-los, como a ultima folha do ramo é arrancada pelo vento que chega eufórico do sul. E apartir de então, serão só lembranças dos dias que se foram.
Um dia...
Mas por enquanto eles nada sabem. São crianças. Dão-se as mãos e ofertam flores como a mais pura forma de exprimir a felicidade que carregam consigo. E seguem de mãos dasdas vivendo mais um dia.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
perdida
Ela parou diante do jardim iluminado pelas luzes que irradiavam pelas janelas da casa.
Pela porta aberta ela ouvia o som alto da festa onde uma voz cantava:
"...quando você fala, tão apaixonada
meu amor eu sempre estarei contigo
olho nos seus olhos, me emociono e choro
sei que é mentira, mas me sinto vivo
mesmo sendo falso o ar, sinto que respiro"
O resto da música ela não foi capaz de ouvir.Seu corpo, sob o comando de sua mente tumultuada, já estava longe.
Tinha que correr...
Sair daquele lugar.
Simplesmente não seria capaz de encara-lo novamente. Não seria capaz de fingir amá-lo. Ele não mereceria algo assim.
Também não teria coragem de lhe dizer a verdade.
Secando seu rosto molhado ela procurava acalmar sua alma e seus pensamentos enquanto corria pela noite escura.
Aos poucos foi deixando sua mente livre. Aos poucos percebeu que teria que resolver um problema de cada vez.
Iria começar descobrindo que lugar era aquele onde estava... estava perdida.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Antes que tudo...
As vezes a vida passa...
... passa automaticamente, como uma folha do calendário virada.
... passa inconsequente, como uma sucessão de tentativas que, independente de erros ou acertos, acontecem.
... passa desapercebida, quase sem ser notada como o homem atrás das cortinas.
... passa mansa, como a vaca que pasta na grama verde.
... passa violenta, como as guerras dos meninos grandes que fazem suas mães chorarem.
... passa velha e seca como uma uva passa.
... e o que faz a vida melhor de ser vivida é agarrar cada oportunida que se apresenta a cada instante...
Antes que tudo...
... passa automaticamente, como uma folha do calendário virada.
... passa inconsequente, como uma sucessão de tentativas que, independente de erros ou acertos, acontecem.
... passa desapercebida, quase sem ser notada como o homem atrás das cortinas.
... passa mansa, como a vaca que pasta na grama verde.
... passa violenta, como as guerras dos meninos grandes que fazem suas mães chorarem.
... passa velha e seca como uma uva passa.
... e o que faz a vida melhor de ser vivida é agarrar cada oportunida que se apresenta a cada instante...
Antes que tudo...
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Tanto a escrever
Hoje foi um dia amarelo
E eu posso me dar ao luxo de não gostar de dias assim.
Que venham os adoráveis dias azuis onde tudo ocorre às mil maravilhas. Ou os tristes dias cinzas onde a melancolia reina sobre os corações solitários. Até mesmo os dias negros com seus trovões e desafios impossíveis.
Mas os dias amarelos, quando o sol parece baixar sobre nossas cabeças, têm o maldito condão de transformar esperança em desespero.
O clima, o transito, as linhas ocupadas, impressoras que param de funcionar, a terrivel dor de cabeça que insiste em incomodar... tudo conspira contra em um dia amarelo
E é justamente neste dia que a gente tem a convicção que ela não liga
E eu posso me dar ao luxo de não gostar de dias assim.
Que venham os adoráveis dias azuis onde tudo ocorre às mil maravilhas. Ou os tristes dias cinzas onde a melancolia reina sobre os corações solitários. Até mesmo os dias negros com seus trovões e desafios impossíveis.
Mas os dias amarelos, quando o sol parece baixar sobre nossas cabeças, têm o maldito condão de transformar esperança em desespero.
O clima, o transito, as linhas ocupadas, impressoras que param de funcionar, a terrivel dor de cabeça que insiste em incomodar... tudo conspira contra em um dia amarelo
E é justamente neste dia que a gente tem a convicção que ela não liga
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