segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Reflexões


Este final de semana senti uma dor no peito.
Como exigido o bom senso em uma situação como essa, procurei meu médico, que também é um grande amigo de velhas datas.
Meu médico já veio me perguntando: "E aí? Como é que está o seu coração?"
A liberdade de anos de amizade me permitiram dizer: "Que pergunta mais besta! É como perguntar a um moribundo com cirrose como está o fígado." E demos boas risadas desta observação impertinente.
Mas no silêncio do meu quarto, eu percebi que meu coração está bem gasto. Esfolado, remendado, calejado, até disforme ele ficou com o passar dos anos.
Recordando meu passado, percebi que já disse "EU TE AMO" tantas vezes, geralmente, após um "oi" e antes de um "tchau". Quisera eu ter sido um típico conquistador barato, daqueles que fazem de tudo por uma nova conquista, e segue adiante, abrindo seu caminho aventureiro enquanto deixa para trás as pessoas que feriram. Talvez, se tivesse sido mais cafajeste, não teria acumulado tanta culpa pelas lágrimas que já fiz outras pessoas derramarem.
Mas não. Quando me recordei de cada relacionamento, percebi que meus sentimentos sempre foram sinceros, e que tudo o que eu vivi foi bem real.
Passada a tristeza, e olhando o passado com um olhar mais justo e menos romântico, tive que reconhecer que nunca aquelas palavras saíram em vão de minha boca.
Mas a rotina me trouxe conhecimentos que não puderam ser desprezados.
E com o conhecimento destes anos de vida, não poderiam haver mais surpresas.
Não poderiam existir mais paixões arrebatadoras.
Na teoria, com a experiência, não deveria haver mais sofrimentos.
Mas eis que ela chega, sem avisar, sem pedir licença. Derrubando tudo à sua frente, e afrontando o que está à sua volta. Dividindo o velho e remendado coração, já exigindo sua fração da partilha.
E como um navio à deriva me deixo levar pelas águas incertas de uma nova relação.
Mas se, ao final de minha vida, me perguntarem porque tantas vezes eu disse "EU TE AMO", com segurança direi que realmente amei demais.

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