Quando o telefone tocou, já era tarde e a noite dava sinais de que seria longa.
Antes de atender, olhou o número já conhecido, e automaticamente fez uma expressão de descaso.
-Alô.
-Oi.
-Oie.
-Tudo bem?
-Tudo e com você?
-Assim... eu acho que não está não.
-E porque?
-Você não sabe?
-Eu? Não! O que aconteceu?
-Você esqueceu?
-Esqueci do quê? Ai... para com isso e fala logo.
-Tem tres dias que não nos falamos. Você não ligou, não atendeu meus telefonemas. E se está tudo bem, não preciso perguntar se aconteceu alguma coisa, não é mesmo?
-Como assim?
-... eu acho que você não entende mesmo!
-...
-...
-... oie... ainda está aí?
-Estou sim.
-...
-Eu gosto tanto de você!
-Eu gosto de você também...
-Você não tem medo de me perder? Porque na verdade, eu descobri que tenho tanto medo de perder você.
-... (suspiro) ... Não se pode perder aquilo que não se tem!
-...
-... acho que já está tarde! Boa noite.
-Posso te ligar depois?
-Acho melhor não.
Desligou o aparelho, respirou fundo como se limpasse esta conversa da mente. Buscou conforto no tão querido travesseiro. Do outro lado da linha alguém procurava uma ponte de onde saltar. Caso não encontrasse, o primeiro bar iria resolver o problema.
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