sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Wait!!!

Foi lindo quando ela fixou o olhar e deixou as lagrimas rolarem por entre os cabelos de sua franja.
A mudança de luz fez com cada gota salgada tivesse uma cor diferente, mas em sua boca o sabor era um só.
Pouca gente viu que ela chorava.
Mas eu estava lá.
Eu observava tudo bem de perto, e notei que seu coração batia no mesmo ritimo frenético da música alta que tocava ao fundo.
Por entre os soluços ela tentava cantar o refrão.
Eu me lembro que também cantava junto.
Ou será que chorávamos juntos?
Minha memória me prega peças... mas ainda me lembro de gritar entre as luzes:
"Wait they don't love you like I love you"

Não havia convicção em minhas palavras.
Apenas repetia o refrão.
Tentando fazer acreditar.
Mais uma vez...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

(respirando)

Tem alguns dias que não escrevo.
E isso é algo que não pode acontecer.
Só agora fui capaz de calar os pensamentos.
E só agora recomeço a recuperar as energias que perdi.
Tirei o dia para reler meus posts anteriores a título de recordação.
Engraçado que tem alguns que eu realmente me pergunto se foi eu quem escrevi.
Bem, sonhos vão e vem.
As histórias continuam

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma visão diferente da realidade

Há dias em que a tempestade parece que nunca vai passar.
Em alguns vezes, nossos lamentos se tornam ecos que se repetem até virarem a trilha sonora de nossas vidas naqueles momentos tão miseráveis.
O homem mais lúcido passa a ver o mundo de forma distorcida e se sente louco.
Nessas horas, os bons corações reforçam suas convicções na existencia de algo divino, algo superior.
Algo que nos chega sempre atraves de figuras e gestos comuns, simples, singelos.
Uma mão amiga, um conselho de um bebado no bar, um tapa, um sorriso, uma lágrima, um pingo de chuva, um vento que vem da serra...
Basta possuir um coração livre para interpretar os sinais.
Sinais que nos trazem de volta a realidade.
Porque a realidade é bela, é eterna, é divina...
A realidade não está em nossos desejos e anseios.
A realidade está nas nossas necessidades e em nossos merecimentos.
(À Fenix Feliz com afeto)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dialogos 2

Quando o telefone tocou, já era tarde e a noite dava sinais de que seria longa.
Antes de atender, olhou o número já conhecido, e automaticamente fez uma expressão de descaso.
-Alô.
-Oi.
-Oie.
-Tudo bem?
-Tudo e com você?
-Assim... eu acho que não está não.
-E porque?
-Você não sabe?
-Eu? Não! O que aconteceu?
-Você esqueceu?
-Esqueci do quê? Ai... para com isso e fala logo.
-Tem tres dias que não nos falamos. Você não ligou, não atendeu meus telefonemas. E se está tudo bem, não preciso perguntar se aconteceu alguma coisa, não é mesmo?
-Como assim?
-... eu acho que você não entende mesmo!
-...
-...
-... oie... ainda está aí?
-Estou sim.
-...
-Eu gosto tanto de você!
-Eu gosto de você também...
-Você não tem medo de me perder? Porque na verdade, eu descobri que tenho tanto medo de perder você.
-... (suspiro) ... Não se pode perder aquilo que não se tem!
-...
-... acho que já está tarde! Boa noite.
-Posso te ligar depois?
-Acho melhor não.
Desligou o aparelho, respirou fundo como se limpasse esta conversa da mente. Buscou conforto no tão querido travesseiro. Do outro lado da linha alguém procurava uma ponte de onde saltar. Caso não encontrasse, o primeiro bar iria resolver o problema.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Palavras prontas

Sabe quando vc quer escrever algo, e de repente, em sua frente já aparece uma obra prima que retrata tudo o que você queria dizer?

Vapor Barato
Gal Costa


Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não me importa, honey

Minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão

Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby, ah

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quantos sorrisos você já distribuiu hoje?

Pela manha eu andava pelas ruas do centro da cidade.
Passava por mim um senhora que vinha em sentido contrário. O detalhe, é que em seu rosto havia um problema de pele. Na pele clara do seu rosto, duas manchas vermelhas apareciam abaixo dos olhos e tomavam conta da parte superior de cada uma das suas bochechas.
Instintivamente eu olhei para aquelas manchas, porém, automaticamente meu olhar se desviou para os olhos dela, que naquele momento já fitavam os meus, como se estivessem buscando descobrir se eu estava olhando para seu problema de saúde.
Naquela hora, a única coisa que me veio na mente, foi sorrir para ela.
O resultado foi incrível. Seu semblante desconfiado, antes um misto de revolta e agressividade, mudou totalmente, se irradiando. Como se meu sorriso tivesse sido capaz de extrair o que havia de bom dentro daquele ser.
O poder da simpatia é enorme. E tão pouco sabemos utiliza-lo, não em nosso proveito próprio, mas para fazer feliz outras pessoas.
Quando refleti sobre todas estas coisas, me perguntei: Quantos sorrisos eu já distribuí hoje?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Saudade

Hoje acordei sentindo saudade.
Começou com a saudade de algumas pessoas. De pessoas que passaram e deixaram suas marcas.
Outras que passaram apenas por passar e acabaram deixando saudade.
Logo veio a saudade de alguns momentos. Alguns momentos curtos, nos quais vivi intensamente, outros pareceram passar bem devagar, deixando a impressão de que seriam para sempre.
Depois veio a saudade das coisas. Uma recordação gostosa de coisas que fizeram parte de momentos inequecíveis, utilizadas ou esquecidas por pessoas inesqueciveis, mas que o tempo se encarregou de fazer esquecer.
Por fim veio a saudade dos lugares. Saudade de lugares nos quais estivemos, nos quais a felicidade se fez presente, e por lá ficou. Engraçado que quando procuro aqueles lugares para ver se a encontro, ela não está mais lá.
Acho que tudo é uma questão de momento, pessoas, coisas e lugares.
A saudade me consome. Corrói. Chego a sentir a dor da perda de algo que nunca pude considerar como meu.
E é por isso que vou viajar. Para conhecer novos lugares, em um outro momento, conhecer novas pessoas, fazer coisas diferentes.
Depois, vou seguir vivendo a minha vida e morrer de saudade.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Como toda paixão

Parecia que eu acordava de um sonho.
Deveria ter sido um sonho muito bom, pois ao acordar e perceber que havia sido apenas um sonho, senti uma raiva há muito contida dentro de mim.
Quando minha alma começava a se conformar com o fato da vida ser "assim mesmo". Ela simplesmente apareceu.
A primeira vez, foi apenas uma rápida visão. Um instante em que nossos olhares se cruzaram.
Eu estendi meus braços em sua direção, mas ela desapareceu quase que instantaneamente. Me deixando no espaço vazio. E como não tenho asas, fui ao chão.
Mas as frequentes quedas me fizeram aprender a me levantar rapidamente. E logo eu estava de pé, esperando seu retorno.
E tal qual o sol, ela retornou, graciosa. Nos tocamos pela primeira vez. E foi com se uma descarga elétrica percorresse todo o meu corpo. E nos interagimos automaticamente. Sua existência era totalmente compatível à minha, até nas situações mais complicadas ela era capaz de me acompanhar.
Mas para minha total tristeza, ela sempre desaparecia como que por mágica, me deixando a perseguir o seu brilho.
E num momento de desespero eu tentei conter o seu brilho. Como se eu pudesse guardar toda a sua luz só para mim. Mas como uma explosão incandescente ela se libertou e me mostrou que eu não poderia acompanha-la. Não agora, não naquele momento.
E fique a observa-la por um bom tempo, seus movimentos, seu rítimo, sua postura, sua leveza. Observei que a pesar de toda sua superioridade perante mim, ela estava sempre por perto.
E continuei observando-a, tomando-a em meus braços quando podia. Estreitando a distância que nos separava. A pesar dos baldes de água fria, ela estava sempre ali, me estimulando. Fazendo com que eu sentisse sua presença.
Aos poucos, depois de várias quedas, varios encontros e desencontros, fui aprendendo a dançar conforme sua música. Seguindo os teus movimentos, seu rítimo, me adequando à sua postura.
O tempo também me tornou leve. Fui me desprendendo de tudo aquilo que me pesava.
O tempo foi o meu maior professor, ensinando-me o que eu precisava aprender.
E após algum tempo, ela percebeu que estavamos agora no mesmo nível, nos mesmo rítimo, no mesmo, plano. Então ela decidiu ficar.
Mas o tempo... Ahhhh o tempo...
Quando ela decidiu ficar, eu já não estava mais ali.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Reflexões


Este final de semana senti uma dor no peito.
Como exigido o bom senso em uma situação como essa, procurei meu médico, que também é um grande amigo de velhas datas.
Meu médico já veio me perguntando: "E aí? Como é que está o seu coração?"
A liberdade de anos de amizade me permitiram dizer: "Que pergunta mais besta! É como perguntar a um moribundo com cirrose como está o fígado." E demos boas risadas desta observação impertinente.
Mas no silêncio do meu quarto, eu percebi que meu coração está bem gasto. Esfolado, remendado, calejado, até disforme ele ficou com o passar dos anos.
Recordando meu passado, percebi que já disse "EU TE AMO" tantas vezes, geralmente, após um "oi" e antes de um "tchau". Quisera eu ter sido um típico conquistador barato, daqueles que fazem de tudo por uma nova conquista, e segue adiante, abrindo seu caminho aventureiro enquanto deixa para trás as pessoas que feriram. Talvez, se tivesse sido mais cafajeste, não teria acumulado tanta culpa pelas lágrimas que já fiz outras pessoas derramarem.
Mas não. Quando me recordei de cada relacionamento, percebi que meus sentimentos sempre foram sinceros, e que tudo o que eu vivi foi bem real.
Passada a tristeza, e olhando o passado com um olhar mais justo e menos romântico, tive que reconhecer que nunca aquelas palavras saíram em vão de minha boca.
Mas a rotina me trouxe conhecimentos que não puderam ser desprezados.
E com o conhecimento destes anos de vida, não poderiam haver mais surpresas.
Não poderiam existir mais paixões arrebatadoras.
Na teoria, com a experiência, não deveria haver mais sofrimentos.
Mas eis que ela chega, sem avisar, sem pedir licença. Derrubando tudo à sua frente, e afrontando o que está à sua volta. Dividindo o velho e remendado coração, já exigindo sua fração da partilha.
E como um navio à deriva me deixo levar pelas águas incertas de uma nova relação.
Mas se, ao final de minha vida, me perguntarem porque tantas vezes eu disse "EU TE AMO", com segurança direi que realmente amei demais.

sábado, 3 de setembro de 2011

Uma vida sem sentido.


Já era madrugada quando ele parou seu carro em frente àquele boteco de esquina.
Não era um barzinho badalado cheio de gente bacana. Era um daqueles lugares degradantes onde se reúnem aqueles que foram excluídos pela escória da própria escória. O tipico lugar onde os perdedores se encontram. Prostitutas feias, jogadores que perderam tudo, assassinos desempregados, ex policiais abandonados pela família, viciados sem dinheiro e ladrões de pouca sorte.
Sentou-se diante de uma mesa vazia e suja, como sua vida. Procurou um canto mais discreto para não ver nem ser visto.
Um garçom que parecia um retrato 3x4 da miséria, vestindo um avental encardido, lhe trouxe uma bebida gelada. Ele recusou e pediu algo mais forte. Pagou adiantado e pediu que lhe deixasse a garrafa.
E por ali ficou, queimando sua alma a cada trago. E de trago em trago foi perdendo os sentidos.
Despertou quando ela chegou.
Ela chegou já tarde. Vestia um vestido azul, de cetim barato, bonito sobre sua pele alva. O cabelo solto lhe caia sobre  os olhos ocultando o borrão da maquiagem que lhe denunciava o choro de minutos atras.
Sentou-se ao lado dele, e ali se aninhou. Não disse nada. Ele também permaneceu mudo, indiferente à presença dela.
Ela então acariciou-lhe a nuca. O toque leve de sua mão pelos pontos secretos não passaram desapercebido por ele. Mesmo que quisesse, não poderia ficar indiferente àquelas carícias. Passou os braços por aquele corpo pequeno e frágil, abraçando-a meio desajeitado na cadeira dura de boteco.
Ela então sentiu em seus dedos uma nova cicatriz em seu rosto. Virou-se para ele e perguntou:
- O que foi isso?
- Andei brigando.
- Você brigou?
- É... tenho brigado demais. Bebido demais. Morrendo um pouco a cada dia.
- E pra que isso?
- Não sei mais se quero continuar vivendo.
- Você devia ir à igreja.
- Minha alma não tem mais salvação.
- Fala assim não.
- Verdade...
- Você devia aceitar jesus.
- E se ele não me aceitar?
- Ele aceita todo mundo. Basta se arrepender.
- Mas não me arrependo de nada do que fiz. Só me arrependo de ter deixado você ter ido embora.
- Eu tinha que ir. Você sabe disso. Eu tinha que encontrar meu pai.
- E encontrou?
- Encontrei... Meu pai tá morto. Deu um tiro no ouvido. - ela já falava com a voz embaçada pelo choro que vinha.
- Eu sinto muito - disse abraçando-a mais forte.
Ficaram unidos assim por muito tempo, até que o choro parou.
- Me perdoa? - ela disse.
- Pelo quê?
- Por te encher com meus problemas.
- Queria que fizesse isso sempre. Queria você comigo para sempre.
- Para sempre é muita coisa.
- Com você parece que passa tão rápído. Acho que se você voltasse para mim, a morte então me encontraria. Gente como eu, não pode ser feliz.
- ... Mas eu vim para ficar - ela disse olhando no fundo dos olhos dele.
- Jura? - perguntou quase que sussurrando, mas ela não escutou.
- Me abraça?
Ele então a abraçou com uma ternura que desconhecia ter.
E abraçados permaneceram.
O dia quase raiava quando o garçon chegou na mesa do canto e o encontrou debruçado entre um copo vazio e uma garrafa quase no fim. Tocou-lhe o ombro para desperta-lo.
Ele acordou assutado. A procurou com o olhar perdido, e viu que estava sozinho.
O sol já clareava o dia. Mais um maldito dia de setembro.
Correu para o carro. Se jogou sobre o banco, batendo a porta com força. Girou a chave e acelerou.
O ronco do motor não abafou o grito de desespero que vinha do fundo de sua alma. Mas ninguém ouviu. Porque o seu sofrimento, para o mundo em toda a sua grandiosidade, não era nada. Para o mundo ao seu redor, sua dor não significava nada.
E acelerou fundo pela estrada, sem rumo, sem destino, sem esperança... como sua própria vida.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sobre os pensamentos

Ultimamente tenho reconhecido que somos movidos por pensamentos.
Cada ser humano é formado por uma parte física, outra mental e outra espiritual.
A física é fácil de compreender, a final, podemos vê-la, toca-la e senti-la.
No presente momento estou aprendendo a conhecer a parte mental.
Essa segunda parte do ser humano é incrivel. Trata-se do resultado da atuação de nosso cérebro, que cria todo um mecanismo invisível que move nossa vida, a partir do momento em que nos reconhecemos como seres humanos.
Quando acordamos em uma manha qualquer, nosso ser físico em pleno funcionamento, desperta de seu descanso que nada mais é do que uma reação natural. Abrimos nossos olhos e nos deparamos com um novo dia a chegar. Nos levantamos, às vezes até instintivamente (ainda dominados pelo ser fisico), e nos preparamos para os primeiros atos do dia. Quando decidimos nos levantar e ir ao banheiro, ou abrir a janela, vestir um agasalho ou correr pelado pela casa, estamos sendo guiados pelo sistema mental e os pensamentos que se formaram em nossas mentes.
E a cada pensamento que surge à mente, o ser está sujeito a segui-lo.
Este chamado "Sistema Mental", é o constante responsável pelas nossas ações, através dos "pensamentos" que povoam nossas mentes. E é impossível realizar qualquer feito, sem a utilização de um pensamento que nos impulsione, salvo nos casos em que o instinto natural prevalece.
Pensar, é o ato de criar pensamentos. De construir estas entidades em nossas mentes, e fazê-las nos servir em nossos mais diversos propósitos. É o ato que mais nos assemelha ao criador, porque o imitamos em um mundo de possibilidades infinitas.
Um sistema mental organizado, é capaz de conduzir o ser por caminhos tranquilos que levam aos objetivos tão desejados. Ao contrário, quando temos um sistema mental bagunçado, erramos demais, sofremos demais, e seguimos a esmo por sendas incertas e escuras.
Aprender a pensar, dominar nossos pensamentos, organizar o mundo mental, é o primeiro paço para se viver uma vida plena e consciênte.
E este conhecimento é essencial para que possamos conhecer nossa parte espiritual e consequentemente, fechar o ciclo do auto conhecimento.
Quando eu estudo, e chego a estas conclusões, paro e penso. Eu ainda tenho tanta coisa a aprender.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Romances de outrora.

Eu ia para algum lugar em meu carro.
O calor infernal que castigava nossa cidade e a ausência de ar condicionado no veículo me obrigavam a seguir de janelas abertas.
Em um certo momento do percurso, parei em um sinal e já fui olhando em volta, sempre preocupado com a segurança. Só quem mora em uma cidade grande sabe do que estou falando.
Carro parado, sinal vermelho demorado, um vento quente soprava lá fora.
Liguei o som do carro em uma rádio que toca musicas variadas. E para minha surpresa, tocava a música "She" na voz de "Charles Aznavour"    http://www.youtube.com/watch?v=hyCom4PuAHI
Mas surpreso ainda fiquei quando olhei pela janela e vi uma cena interessante.
Na esquina, um casal se despedia. A moça, uma linda garota pequena, com a beleza que é peculiar nos jovens. O rapaz, um tipo alto meio desengonçado, com cara de tímido, como eu também já fui naquela idade.
Nos dois, a clara expressão dos que estão apaixonados, mas não conseguem se declarar. Algo raro para os dias atuais.
Ao som de Charles Aznavour, eu fiquei observando aquele momento. Ambos iam se despedir mas prorrogavam os segundos para permanecerem mais alguns intantes juntos.
A música chegava ao climax, se aproximava do final, e o beijo não acontecia. O transito começava a fluir, os motoristas apressados alheios àquele momento, já começavam a businar, e nada de beijo.
Imediatamente, coloquei a cabeça para fora da janela e gritei desesperado: "BEIJA LOGO!!!"
Os jovens me olharam inicialmente assustados. Mas acho que meu sorriso quebrou o espanto.
A garota ficou vermelha. Olhou para o chão. Instintivamente procurou o olhar do rapaz.
Mas ela não encontrou o que procurava, pois naquele momento, ele me olhava com fúria, me apontava o dedo médio, gritando palavras incompatíveis com sua aparente timidez.
Talvez eu tenha me empolgado um pouco com aquela cena.
Mas enquanto eu seguia meu caminho, fechando a janela do carro, cheguei a conclusão de que não se fazem mais romances como antigamente.