segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O homem de batom

A primeira vez que aconteceu, foi no inverno seco do Brasil, quando seus lábios trincados ardiam.
A aula já havia terminado mas ainda estavam na sala, quando uma colega lhe disse que se passasse batom aquela dor iria passar.
Na hora ele protestou, dizendo que batom era coisa de mulher, e que não teria coragem de sair de batom pela rua.
Ela achou graça e lhe disse que haviam batons discretos, sem cores, e que ninguém iria perceber.
Ainda sob protestos ele se deixou levar pela linda colega que já lhe passava batom sobre seus lábios.
Até hoje ele não entende como, mas quase que imediatamente após usar aquela base em sua boca, imediatamente já estava misturando seu batom ao dela. E por muito tempo aquilo ficou guardado em sua mente, como um dos momentos mais estranhos porém felizes da vida de um jovem adolescente.

A segunda vez, foi no carnaval.

Junto com alguns amigos resolveu se vestir de mulher para sair às ruas bebendo e dançando atrás de um bloco qualquer.
Olhou-se no espelho: Peruca loira que havia sido de uma tia que morreu de câncer; o vestido com motivos florais e a sapatilha confortável ele arrumou com uma prima da mesma altura. Mas parecia que algo faltava. Ele que sempre havia sido tímido, se sentiu confiante em atravessar o hall de entrada e tocar a campainha do apartamento de frente.
Foi quando a vizinha deslumbrante atendeu e rindo daquela cena o convidou para entrar.
Pediu alguns conselhos e ela então disse que faltava a maquiagem.
Ela caprichou no visual, batom sombras, cílios, rímel, entre outras coisas mais.
E durante aquela sessão tudo aconteceu. Borraram a primeira maquiagem, borraram a segunda, e lá pela terceira ou quarta tentativa, decidiram deixar como estava, a final, era carnaval.

A terceira vez, não aconteceu por acaso. Ele tinha uma teoria. Uma teoria incrível que precisava ser testada.
Entrou na loja de departamento e procurou a vendedora mais bela do setor de cosméticos. Na maior cara dura e confiança pediu para experimentar alguns batons. A garota sorriu cordialmente, pensando se tratar apenas de um homossexual comum, e o tratou com toda a normalidade que sua experiência como vendedora já lhe havia ensinado. O que ela não conseguiu explicar ao seu gerente, foi o porquê de estar semi-nua, agarrando-se à um cliente no trocador da loja.


Ele havia comprovado sua teoria. Descobriu que possuía algo especial. Possuía um super poder, melhor que o do homem aranha, superman ou Batman... O poder do boca-loka!

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