Final de expediente.
Lá fora chovia sem parar a mais de dois dias.
Foi difícil encontrar uma vaga no estacionamento, isso sem contar que meu carro ficou longe da entrada do supermercado lotado.
Final de ano é sempre assim. Todo mundo querendo comprar. Todo tipo de pessoa se acotovelando entre as prateleiras e filas... muitas filas.
Filas de carros no estacionamento, filas de carrinhos nos corredores, filas de gente nas balanças, e por aí vai. E foi na fila do caixa que tudo aconteceu.
Um desgraçado ouvia um som pelos fones, que estava tão alto que as pessoas da fila podiam ouvir bem a letra do funk carioca. Eu respirei e pensei com meus botões: esse aí vai usar aparelho auditivo antes da aposentadoria.
Acontece que de pé em um carrinho, havia uma criança de colo, um menininho que ainda nem sabia andar, mas que já escutava muito bem. E bonitinho escutou o som do funk, e começou a flexionar as pernas fazendo subir e descer o corpo.
Eu notei a cena, não pude deixar de sorrir do menino, mas me manti atento na fila. O problema é que a mãe do garoto e as outras pessoas da fila também notaram.
Começou com a mãe:
- Noooooosssa Robison... você tá dançannno táá??? Oia Cleidy, oia o robim dançano!!!
Então a Cleidy empolgada pede para o playboy aumentar o volume do som.
O carinha achando que estava bombando, resolveu retirar o fone, e o batidão do MC "alguém" ficou nítido para todos da fila.
E o povo começou a aglomerar ao lado do carrinho onde estava o menino, e a fila deixou de ser fila e virou um amontoado de gente.
Todo mundo de celular em mãos filmando o Robinho.
Nisso a Cleidy segurou no carrinho, empinou a bunda mal protegida por um shortinho curto, e começou a rebolar, disputando a cena com o Robinho que já estava até suado de tanto subir e descer o corpo.
A galera então começou gritar agitando o bagulho:
- IUUUUUHUUUUU!!!
- DESCE ORDINÁRIA!!!
- REBOLA CACHORRA!!!
E a Cleidy rebolava, e os celulares filmavam e a mãe do Robinho gritava:
- Gente bota no face, bota no face!
O tumulto foi tanto que os seguranças foram obrigados a intervir, e neste mesmo momento, como não havia mais fila, eu me dirigi ao caixa deixando a galera protestando contra a ação dos seguranças que atrapalhavam aquela manifestação popular e saudável.
Deixei o supermercado sob uma chuva bem fina, e no caminho do carro pensei em um trecho da música do Falcão: "É por isso que o Brasil não vai pra frente"
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