Mais um dia chega ao fim.
E como todos os dias, nos ultimos dias, aqui estou eu a correr pelo parque.
Porque correr no parque é um resumo da vida.
A gente começa com uma caminhada tímida. Sentindo o terreno, aprendendo a pegar o rítmo e quando percebe já está correndo.
Hoje eu corro sozinho, mas já corri acompanhado muitas vezes, mas quem me acompanhava foi ficando para tras, ou partiu à minha frente.
E de acordo com o rítmo, pessoas vão, e ficam.
Enquanto corro, estou atento a tudo. O carro que passa, a garota de colante rosa choque, a bicicleta que atravessa a pista para pedestres, o carrinho de bebê, os amantes no gramado, o chafariz que hoje não foi ligado, a luz que se ascende no poste, a barraca de coco verde que não abriu.
Os cachorros, eu já conheço pelos nomes. Engraçado saber o nome dos cães e não conhecer seus donos. Mas quem corre, não tem tempo para conhecer ninguém.
Enquanto corro, ouço fragmentos de conversas. Planos, lamentos, histórias. Só fragmentos, pois eu tenho que correr, e as conversas ficam para tras.
As pessoas que correm ou caminham pelo parque, com seus tenis limpos e seus fones de ouvidos não olham para mim. Talvez meu rítmo seja mais rápido, ou mais lento... Talvez seja apenas diferente.
As vezes alguém me direciona um olhar rápido. E a duração deste olhar depende do rítimo de nossas corridas.
Isso não importa, pois o importante é correr.
Porque correr no parque é um resumo da vida
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