Ela tinha cabelos ondulados e macios, e enquanto a chuva caía ela corria com a desculpa de procurar um abrigo, quando na verdade ela queria era se molhar.
Embaixo do ponto de ônibus ela parou e ficou a me esperar com o olhar de menina levada.
A água já havia parado de cair do céu, mas ruas ainda estavam molhadas e o ar ao nosso redor estava muito úmido.
Naquele lugar da cidade, a fraca iluminação pública era reforçada por tambores incandescentes que os moradores de rua acendiam para se aquecer. Ali era um antro de prostitutas e vagabundos, mas naquele momento nos sentimos em casa ali.
A polícia com toda a sua corrupção nos procuravam. Mas eu estava armado, livre e ela estava ao meu lado.
E ela se sentia segura ao meu lado, e aparentemente estava feliz.
O mundo ao nosso redor desabava, mas ela não parava de sorrir.
Eu não tinha futuro, não sabia para aonde ir. Só tinha pela frente a incerteza e o pouco tempo.
A qualquer momento eu seria morto ou preso.
Mas naquele momento eu estava com ela. E naquele momento só tínhamos os caminhos incertos de ruas de fogo.
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