Então eu me encontrava em frente ao PC.
A cabeça a mil. Ouvindo Zé Ramalho cantando Avohai, e pensando nos erros cometidos.
Enquanto tentava escrever, em minha mente remexiam as lembranças há muito ocultas e esquecidas.
Lembrei de uma cidade cercada pelas serras.
Recordei de alguém que se foi há pouco e ainda vive em minhas melhores lembranças.
Disseram-me que o pai de alguém havia morrido. E percebi que nunca perdi ninguém de quem gostasse tanto quanto um pai, uma mãe, um irmão. Não sei qual seria o meu sentimento, mas neste momento eu nada sinto além do frio em meus pés.
Junto as mãos, fecho os olhos e baixo a cabeça como se procurasse inspiração. Observo com este gesto que há muito tempo deixei de rezar. Deixei de ter medo, mas ainda não aprendi a utilizar bem essa liberdade e essa coragem.
Bem. Sentir-me Bem... Fazer o Bem... Encontrar meu Bem. Uma mesma palavra com várias conotações.
Fico me perguntando porque não sou capaz de viver mais conscientemente.
Talvez porque uma montanha russa sem velocidade e em linha reta não agradaria ninguém.
Mas o carrossel se move em circulo, sobe e desce e também não agrada.
Inquietudes ou devaneios... Não sei dizer ao certo. O certo e o errado são separados por um limite tão confuso que muitas vezes os dois se confundem entre sí.
A música mudou. Agora uma voz desconhecida canta: "nas horas sem fim em que a dor não tem mais cabimento é no teu prumo que eu me oriento" Nada mais justo.
Estou agora pensando em como é difícil entender a vida. Mas essa dificuldade me atrai.
Vou deixar o PC e ir até a janela sentir a brisa.
Para mim, até hoje essa é a melhor maneira de me vincular a Deus.
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