terça-feira, 24 de setembro de 2013

No Teu Prumo

Então eu me encontrava em frente ao PC.
A cabeça a mil. Ouvindo Zé Ramalho cantando Avohai, e pensando nos erros cometidos.
Enquanto tentava escrever, em minha mente remexiam as lembranças há muito ocultas e esquecidas.
Lembrei de uma cidade cercada pelas serras.
Recordei de alguém que se foi há pouco e ainda vive em minhas melhores lembranças.
Disseram-me que o pai de alguém havia morrido. E percebi que nunca perdi ninguém de quem gostasse tanto quanto um pai, uma mãe, um irmão. Não sei qual seria o meu sentimento, mas neste momento eu nada sinto além do frio em meus pés.
Junto as mãos, fecho os olhos e baixo a cabeça como se procurasse inspiração. Observo com este gesto que há muito tempo deixei de rezar. Deixei de ter medo, mas ainda não aprendi a utilizar bem essa liberdade e essa coragem.
Bem. Sentir-me Bem... Fazer o Bem... Encontrar meu Bem. Uma mesma palavra com várias conotações.
Fico me perguntando porque não sou capaz de viver mais conscientemente.
Talvez porque uma montanha russa sem velocidade e em linha reta não agradaria ninguém.
Mas o carrossel se move em circulo, sobe e desce e também não agrada.
Inquietudes ou devaneios... Não sei dizer ao certo. O certo e o errado são separados por um limite tão confuso que muitas vezes os dois se confundem entre sí.
A música mudou. Agora uma voz desconhecida canta: "nas horas sem fim em que a dor não tem mais cabimento é no teu prumo que eu me oriento" Nada mais justo.
Estou agora pensando em como é difícil entender a vida. Mas essa dificuldade me atrai.
Vou deixar o PC e ir até a janela sentir a brisa.
Para mim, até hoje essa é a melhor maneira de me vincular a Deus.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Velha Rua

Hoje eu passei pela mesma rua.
Já fazia muito tempo que eu evitava aquele caminho antes rotineiro. Não por medo, mas por pura conveniência e economia de tempo. A verdade é que aquele sempre foi o caminho mais longo e mais demorado.
Pouco mudou. As casas continuam iguais. As pessoas indiferentes aos vizinhos continuam a cuidar de seus jardins sem graça, sem cor, quase sem flores.
E pensar que um dia aquele lugar aos meus olhos chegou a brilhar.
Acho que vi um rosto conhecido ao longe. Mas apenas acho, não posso ter certeza, estava muito distante e eu não fiz muita questão de olhar mais de perto.
Meus pés clamavam por continuar meu caminho.
Parei diante de uma vitrine e me vi no espelho. Notei que o tempo começou a fazer efeito em meus cabelos, nos cantos de meus olhos, e principalmente dentro de mim.
Enquanto olhava minha imagem, me recordei que recentemente disseram que eu perdi aquele sorriso.
E essa lembrança me fez sorrir. Ali estava ele, o mesmo de sempre. Não estava perdido, só estava bem guardado.
Continuei a seguir por aquela rua. Um passo de cada vez até chegar na esquina. A mesma esquina onde uma história começou e terminou.
Parei.
Olhei mais uma vez para aquela rua e sorri... só para confirmar...
... Ele ainda estava ali