sábado, 17 de janeiro de 2009

O frango atropelado e suas consequências jurídico-sociais



-Seu Cachorro!


-EEEEEuuuu?


-Ocê mermo! Cê acha qui eu num sei né? Mais eu sei... eu sei adonde Ocê arrumô esse frango! Cê aputrelô o disgraçado desse frango!


-Aputrelei?


-É... ocê aputrelô o frango cum a gareli! Cê num presta mermo Zé!


-Para com isso muié... num fala bestera!


-Que bestera coisa ninhuma. O coitado do frango tava no osfalto e cê passô com a garele pur riba dele. Num adianta ocê negá! Inté da pra vê as marca dus pneu nas costa du bicho morto. Ocê num presta zé! AAAAAiiiiii Zé! Ocê num vale o que a gata empurra!


-Mais di ondi qui cê tirô isso?


-Pois ocê num perde por insperá... Zé eu vou voltar pra casa di mãe.


-Cê vai vortá pro interior? Para cum isso Fatinha...


-Me larga Zé! Eu vou agora mermo pru oreon, telefuná pra mãe, prela me mandar a passage de vorta pra casa. Onde já se viu... trazê um frango apotrelado pra muié!


-Qui vortá qui nada. Cê vai é ficá aqui cumigu! E deixa de bestage! Oia Fatinha, ocê num mi obriga a perde as istribera cocê.


-Socorre genti! Ai mi acudaqui! Socorre que o Zé que mi matá!


-Para cum isso Fatinha!


-Jisuis, mia Nossassiora! Socorre genti! O Zé qué mi matá!


-Deixa de iscãndalu Fatinha! Oia o povu tudo olhando pra cá!


-Ai meu deus qui ele pego uma faca! Socorre meu povo que meu marido qué mi matá.


-Qui diabo de faca Fatinha. Eu num tô cum faca ninhuma. Deixa di curversa... Volta aqui Fatinha... num corre não!


-Abre a porta! É a polícia!


-Ai meu Deus do Céu! Fatinha oia o qui cê feiz!


-Mão na cabeça vagabundo! A senhora está bem dona?


-To sim sinhô seu puliça! Graças a Deus ocês chegaram. Esse assassino ia me matá qui nem ele feiz com u frango!


-Mas eu não matei ninguém! E num ia matar ela coisa ninhuma!


-Calaboca Vagabundo!


-Ai Ai! Ai Ai!


-Dá nele seu puliça pra ele num apotrelá mais us frango cum a gareli!


-Ai, Ai Ai! Num me bate não qui eu sô trabaiado!


-Entra logo nesse carro! A gente vai pro distrito ter um papo com o Dr. Delegado! A senhora vai junto. Vai prestar seu depoimento para a gente trancar esse vagabundo no xadrez.


-Vamo mermo seu guarda.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

OUTONO NO CAFÉ

Já estava acabando de tomar o meu café.
Nem bem eram nove horas da manha, naquela cafeteria luxuosa da cidade, quando ela se sentou sozinha.
Sentou ali, olhando para o nada, como se estivesse em lugar nenhum, esperando que nada acontecesse.
Havia engordado muito naqueles ultimos dois anos. Estava quase irreconhecivel para aqueles que acompanhavam o jornal da tarde e lhe assistia diariamente na tela dos televisores de prestações atrasadas.
Sem dizer uma palavra, o garçon serviu-lhe um copo de água mineral, que permaneceu à sua frente durante algum tempo até ser apaticamente notado por ela.
Abriu sua bolsa chanel, ainda olhando para o nada, e só então, depois de aberta, baixou seus olhos para o interior de onde tirou um frasco de comprimidos anti-depressivos.
Engoliu uma daquelas pirulas de olhos fechados, como se engolisse a desgraça em pequenas porções, tomando em seguida dois goles de água para ajudar a descida do comprimido.
Novamente, sem esperar uma palavra sequer, o garçon lhe serviu uma chavena de chá acompanhado de duas torradas.
Olhei no relogio no meu pulso. Pedi e paguei a conta. Levantei-me e segui para a saída, enquanto ela continuou ali olhando para o nada diante de um chá e torradas que esfriavam naquela manhã solitária de outono.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A FESTA DO BOLINHA

A história original:
“Eu ontem fui à festa, na casa do bolinha.Confesso não gostei, dos modos da Glorinha.Toda assanhada, nunca vi igual...Trocava mil beijocas com o Plínio no quintal.Porém pouco durou, aquela paixão pois Bolinha com ciúmes, formou a confusão.Aninha tropeçou, e os copos derrubou...E a casa do bolinha, num Inferno se tornou.”

A versão de 1985 ...
(Na casa da Aninha...)
- E então Aninha... conta da festa!
- É mesmo, conta! Conta!
- Ai meninas, vocês precisavam ter ido. (risos)
- Então foi bacana?
- Ai que nada! (risos) Foi a maior baixaria! (gargalhada)
- A nem Aninha, conta logo que a gente não tá se aguentando de tanta curiosidade!
- A festa tinha tudo pra dar certo. A mãe do Bolinha fez uma decoração tão lindinha. Acho que aquele Bolão nem merecia tantos mimos. Não sei como ele pode ser tão boboca.
A música estava ótima. As meninas levaram discos dos menudos, polegar... ai nossa eu amo o grupo polegar!
- Ai... Eu também!
- E eu? Eu daria tudo para ganhar um beijo do Rafael! (suspiro) Ai eu acho que eu morria... Mas conta aninha... Da Festa!
- Meu deus, meninas... então... A festa estava ótima, até que o Plínio chegou... ai ai...
(suspiros gerais) - aquele doce. Ele é muito lindo!
Então a Glorinha comessou a se engraçar com ele. Aquela enxerida. Ela não tinha nada que se meter com o Plínio.
- Nossa! Mas que bandida!
- É mesmo! Mas e aí Aninha?
- Nossa! Enquanto o coitadinho do Plínio tentava sair da Glorinha, ela não se controlava. Ficava piscando pra ele, se enrroscava nele a todo momento. Ai meu Deus foi nojento. O Plínio é porque é muito educado e gentil. Voces acreditam que o Plínio foi pro quintal, tentando fugir dela e ela não foi atrás dele?
- Gente! Mas a Glorinha é muito baixa!
- Ai que nojo. Não posso imaginar o Plínio passando por tudo isso. Ele não merece!
- Então meninas, mas o pior foi quando o Bolinha percebeu. Vocês sabem o tanto que ele é lerdo né? Ele demorou o maior tempão para perceber o que estava acontecendo.
- Ai meu Deus! E o bolinha não é louquinho na Glorinha?
- É sim! E daí você já viu, né? Foi aquela confusão! Ele morrendo de ciúmes da Glorinha descontou na festa e começou a empurrar todo mundo, derrubar a decoração. Vocês acreditam que aquele Bolão desajeitado me impurrou na mesa de bebidas e os copos cairam todos. Ai gente, me deu a maior vergonha. Mas foi culpa daquele Bolão nojento!
- Nossa amiga, mais que vergonha vc passou.
- E o seu vestidinho?
- Nem me fale. Ficou todo sujo de ponche! Foi terrível! Minha mãe no outro dia quase me matou quando viu o estado do meu vestidinho.
- Ai meu Deus!
- Mas o pior de tudo vocês não vão imaginar. Foi ver a Lulu no meio daquilo tudo.
- Ai meu Deus! Ela gosta do Bolinha, não gosta?
- Ela nega até a morte. Mas todo mundo sabe que a Luluzinha morre pelo Bolinha.
- Tadinha.
- Nossa, ela deve estar arrazada!
- Gente ela até chorou!
- Ai meu Deus! Ela deve estar arrazada.
- Está sim. E tudo por causa daquele Bolão.
- Porque a gente não vai na casa dela, ver como ela está?
- É mesmo. Ela deve estar precisando da gente.
- Vamos sim, e se a gente encontrar com a Glorinha, a gente não fala com ela.
- Quem ela pensa que é para se jogar em cima do Plínio daquela maneira?
- É verdade! Então vamos...
(E lá se foram consolar a pobre da Luluzinha)


(Enquanto isso, no Clube do Bolinha)
- Oi Carequinha
- Oi Alvinho
- O chefe já chegou?
- Ainda não. E acho que o Bolinha não vem. Deve ta de castigo, depois do que aconteceu na festa ontem.
- Pois é eu fiquei sabendo. Você tava lá?
- Tava sim. O Bolinha ficou com muita raiva por causa da Glorinha e do Plínio. Eu não sei o que foi não. Acho que foi porque o Plínio estava de mãos dadas com a Glorianha, e parece que o chefe não gostou muito não.
- Ele estava pegando na mão de uma menina? Eca!
- Mas tava sim. Eu vi! Acho que ele ficou doido. E deve ter sido por isso que o Bolinha ficou bravo. Ele começou a empurrar todo mundo. Derrubou a mesa e quebrou todos os copos da casa.
- O Plínio sabe que meninas são contra as regras do clube. Não demora ele vai querer trazer todas elas pra cá. Não demora viu.
- Pôxa Alvinho, por isso que o Bolinha ta bravo com o tudo isso. E pra piorar a Luluzinha começou a chorar. Ela é muito medrosa. Acho que foi porque ficou com medo do Bolinha. (risos)
- Ela chorou?
- Chorou sim, saiu de lá chorando muito. Aquela bobona!
- Já sei, vamos lá na casa dela xingar ela de chorona?
- Boa idéia. Vamos lá.
(E lá se foram caçoar da pobre da Luluzinha)

A versão de 2009
(No apartamento da Aninha)
- Ai miga, e a festa???
- Eh msm, diz aí como eh que foi?
- Affff Miguxas foi o ÓOOOO do borogodoh!!!!
- Entaum foi tuuuudo de bom!
- Ai q nd! (rsss) Foi um vexame soh! (gargalhada)
- Hum Aninha, diz logo como foi na festa, senaum eu morro!
- Migas, a festa era pra ser um sucesso. A mae do Bolinha naum tava em casa, e ele tinha aberto o barzinho do pai dele. Ateh Lança tinha lah. O Bolão tava ridículo como sempre, neh. Mas a casa era dele, naum tinha como tirar ele da festa. (gargalhadas gerais)
O Juca levou o MP6 com uns houses muito doidos. A música estava D+. Sem falar no batidão do DJ Macaco... ai nossa eu piro pro DJ Macaco!
- Afff Eu tb!
- E eu entaum??? Eu dava pra ele meesssmo! (olhar malicioso) Eu ia deixar ele sem fôlego... Mas aninha... fala da festa!
- Miguxas... então... A festa estava muito louca, até que o Plínio chegou... ai ai...
(olhares maliciosos gerais) - aquele gostoso. Ele eh Tuuuudo de Bom!!!
Então a cachorra da Glorinha naum perdeu tempo, neh! Vcs sabem como ela eh a maior piriguete! Vcs sabiam que ela jah fez dois abortos???
- Ai naum!
- Jura???
- É mesmo! Minha amiga que é amiga da amiga do primo do jardineiro dela me contou tudinho!!!
- Mas e aí? Na festa??? Conta logo miga!
- Aff! O gostoso do Plínio ate que tentou dar um T naquela cachorra da Glorinha, mas ela tava quase dando pra ele na frente de todo mundo.
- A nem... Jura???
- To te falando. Ficava marcando em cima. Dançando e rebolando em cima dele. Nossa ela eh muito vulgar. O Plínio eh bem discreto, neh já viu! Ele foi pro quintal, tentando pra vazar dela e ela naum foi atrás dele?
- Gente! Mas a Glorinha é muito vadia!
- Ai eu odeio aquela Vaca!
- Entaum migas, + o pior foi na hora em q o lerdo do Bolinha percebeu. Vocês sabem o tanto que ele eh Dââãããã!
- Aff e ele mooorre pela Glorinha, naum eh?
- Eh verdade! Ele aprontou o maior vexame! Ele já tava caindo de bêbado mesmo. E pela cara dele jah tinha cheirado todas tb.
Saiu quebrando tudo o que via pela frente. Ainda bem que o Plínio jah saiu correndo. Aquele grosso naum me deu o maior impurraum em cima da mesa? Quase morri de tanta raiva dele. Ainda bem q naum me machucou. Se naum meu pai processava ele, aquela bixa gorda! Depois ele foi pra rua alucinadíssimo! Começou a quebrar os carros que estavam estacionados na rua! Vê se pode. Até que a policia chegou e levou aquele doido. Mas ele jah tah acostumado.
(risos)
- O pai dele tira ele de lah, outra vez.
- Mas migas, me deu a maior pena da Lulu...
- Ai nem, ela ainda naum esqueceu do Bolinha? Eles jah ficaram umas duas ou treis vezes, naum jah?
- Aff ela jura de pes juntos q naum. Mas a gente sabe que ela ja deu pra ele neh.
- Coitaaaada.
- Migas, ela chorou d+!
- A neim...
- Agora tah na maior depre por causa daquele Bolão.
- A gente bem q podia ir ate a casa dela e depois fazer umas compras. O q vcs acham?
- Demorou...
- Mas eu juro q se encontrar aquela vadia da Glorinha eu vou tirar satisfaçaum. A se vou!
- Eh mesmo! Isso naum vai ficar de graça naum.
- É verdade! Então vamos...
(E lá se foram consolar a pobre da Luluzinha)


(Enquanto isso, na lan)
- E aí Careca!
- Fala véi!!!
- Cadê o Bola? (acendendo o back)
- Sei dele naum. Mas acho q ele naum vem. Deve ta detido ainda.
- Nóooo inda bem q ele eh de menoh!
- Veéiii eu vi tudo! O Bolinha pegou o Plínio garrando a Glorinha no quintal da casa dele. E vc sabe q ele naum gosta de sociedade com as ficantes dele neh. Ou, ele ficou mo loucaum! Começou a quebrar tudo e pois todo mundo pra fora. Dispacho a galera toda.
- E o lance dos carros?
- Foi q nem vc ouviu. Ele saiu quebrando tudo. Ele eh doido D+. Acabou detido outra vez. Os homi levaram outra vez.
- Mas o pai dele jah tirou ele neh?
- Jah sim. Amanha o bola taí.
- O Plínio eh foda. Soh furando o olho dos chegados heim...
- Pô velho, mas ela tava facinha lah, dando o maior mole pra ele. O chato mesmo foi a tchonga da Lulu que aprontou o maior esquete lah. Chorando que nem uma vítima. A nem. Ela é muito fresca! Ela sabe que o Bolinha naum quer mais nada com ela e fica rastejando atrás dele. O bola deve ter pegado legal ali viu, deixou saudade!(risos)
- Já sei, pega uns sprays ai e vamo deixa um recadin no muro dela?
- Vamo d+!!!!!
(E lá se foram caçoar da pobre da Luluzinha)

“Algumas coisas nunca mudam... outras nunca são as mesmas”

FELDON