Tudo começou com um conto...
Era para ser apenas uma história boba, daquelas que a gente conta para alguns amigos em uma roda de conversa para ver o tempo passar.
Um fato pitoresco do cotidiano, nem completamente real, mas longe de ser uma mentira cabeluda.
Era para falar da vida de alguém, narrar um episódio engraçado acontecido com um cara comum, como eu ou você.
A história nem era para ter uma moral oculta, final feliz ou trágico.
Era somente uma história...
Mas eis que as coisas fugiram ao controle.
Um fato foi dando lugar a outro e mais outros que, interligados, viraram uma cadeia de acontecimentos, empolgantes e emocionantes.
O que levaria quinze minutos para ser contado, tomou horas, dias e semanas para serem narrados.
O dono daquela vida mal fadada às críticas, como em um passe de mágica virou um herói, que em seus atos de vilania cativou e foi idolatrado pelas pessoas comuns que ouviam ou liam sua história.
E o que começou com um conto, virou um livro, um best sellers campeão de vendas, que já teve seus direitos comprados por um estúdio cinematográfico internacional. Certamente será um sucesso de bilheterias, e quem sabe ganhará um Oscar.
Mas daqui há alguns anos, seu autor, rico, bem sucedido, capaz de ganhar milhões com um slongam para champou de cachorros, só irá ter uma frustração: "Não ter deixado nada melhor para a humanidade"
Reflexos de uma sociedade decadente tão carente de heróis...
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Teu cheiro
Pouso minha cabeça sobre o travesseiro que tem um cheiro diferente...
Um cheiro tão único...
Um cheiro que me remete a alguém que está tão longe.
Como os cheiros são capazes de fazer minha mente se entregar às recordações e à imaginação.
Deitar com seu cheiro me faz sonhar com você. Faz com que eu renove as esperanças há muito esquecidas ou enfraquecidas.
A saudade se torna um alimento
E este alimento me nutre durante toda a noite.
E então chega a manha
Com ela a eu sinto sua ausência
Ando pelas ruas sujas e fedidas, pelas quais pessoas transitam se amontoando como vermes.
E é a lembrança do seu cheiro que faz com que a esperança nunca desapareça.
É o teu cheiro.
Tão seu.
Tão meu.
Um cheiro tão único...
Um cheiro que me remete a alguém que está tão longe.
Como os cheiros são capazes de fazer minha mente se entregar às recordações e à imaginação.
Deitar com seu cheiro me faz sonhar com você. Faz com que eu renove as esperanças há muito esquecidas ou enfraquecidas.
A saudade se torna um alimento
E este alimento me nutre durante toda a noite.
E então chega a manha
Com ela a eu sinto sua ausência
Ando pelas ruas sujas e fedidas, pelas quais pessoas transitam se amontoando como vermes.
E é a lembrança do seu cheiro que faz com que a esperança nunca desapareça.
É o teu cheiro.
Tão seu.
Tão meu.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Quase um Sherlock Holmes
Nem bem eram oito horas da manha quando um sujeito aparentando ter por volta dos quarenta anos de idade adentrou no recinto do trigésimo sétimo distrito policial da cidade. Fato notadamente normal, não fosse os diversos hematomas, escoriações e bandagens no qual se encontrava envolvido.
Imediatamente todos voltaram seus olhares ao visitante que a cada passo que dava soltava um gemido.
Parou diante o balcão da recepção e após algumas palavras foi conduzido diretamente à presença do Doutor Augusto Mascarenhas, delegado plantonista naquele dia.
O Delegado encontrava-se em seu gabinete, e ao receber o depoente, endireitou seu pesado corpo para soltar a barriga que estava presa sob o tampo da mesa.
- Bom dia cidadão, vamos sentando. - disse o delegado lhe apontando a cadeira e observando a dificuldade daquele homem em tomar assento entre os gemidos e contorções. Pacientemente o Doutor Delegado esperou que ele estivesse sentado e começou a perguntar: - Então meu senhor? Qual é o seu nome?
- José Eduardo Martins e Silva.
- Casado? Solteiro?
- Divorciado.
- Profissão?
- Contador.
- E o Senhor conta o que?
- Eu trabalho na contabilidade de uma empresa Doutor. (gemido)
- Certo, então me diga, o que foi que lhe aconteceu?
- Doutor. Nem eu mesmo sei explicar o que foi que aconteceu. Eu estava ontem lá em casa tranquilo após um dia cansativo de trabalho quando tocaram a campainha. (gemido) Fui até o portão, e quando abri, três homens entraram já me empurrando. Dois deles mais fortes me seguraram e o outro mais de idade falou: "Então você é o tal do sedutor, heim?" Então baixaram o cacete. (gemido)
- Realmente, seu estado é deplorável. Mas me diga: Você é o sedutor?
- Que sedutor Doutor?
- Eu sei lá... provavelmente o sedutor que os agressores estavam procurando.
- Sou eu não doutor... (gemido) eu nem ando dando atenção para mulher ultimamente. Perdi a minha e não estava querendo arrumar confusão pro meu lado. Mas parece que a confusão é quem me procura. (gemido)
- Anote aí Dona Matilda. Que o depoente não gosta de mulher.
- Não! Não é isso não! (gemido)- disse o cidadão que só naquele momento dera conta da presença da escrivã que estava no fundo do gabinete- Não é isso não Doutor... Eu gosto de mulher.
- Gosta mesmo?
- Claro que eu gosto!
- Muito ou pouco?
- Muito...
- Então anote aí Dona Matilda, que o depoente é perdido por um rabo de saia.
- Pelo amor de Deus Doutor... eu não disse isso não. Eu gosto de mulher como todo mundo. Eu gosto normal. Que nem o senhor. O senhor também não gosta de mulher?
- Claro que eu gosto! Mas o sedutor aqui não sou eu!
- E nem eu!
- Então porque te bateram?
- E eu lá sei? É por isso que estou aqui na delegacia.
- Veja bem Dona Matilda... Mas um caso complicado e de difícil elucidação.
Dona Matilda sequer levantou os olhos da tela do computador, limitando-se apenas a proferir um mísero "hum rum..."
- Mas Senhor José Eduardo - continuou o delegado - o Senhor deve ter aprontado alguma... Não é possível. Certamente deve ter se envolvido com alguma mulher casada, ou com alguma jovem donzela. Tente se lembrar.
- Doutor, eu já disse. Ultimamente tenho vivido uma vida de cão. Não tenho olhos para mulher alguma.
- O Senhor tem algum problema com algum vizinho?
- Não senhor. Eu me dou com todos eles.
- Anote aí Dona Matilda. Que o depoente tem dado com todos os vizinhos.
- Como assim Doutor?
- Eu sei lá... Foi o Senhor quem falou.
- Mas eu disse que me dou bem com os vizinhos. Não é nada disso não. Eu quis dizer que não tenho problemas com meus vizinhos. Gosto de todos eles.
- Gosta dos seus vizinhos?
- Sim.
- Até dos vizinhos homens?
- Sim.
- Anote aí Dona Matilda. Que o depoente gosta de homens.
- Não! Não anota isso não Dona Matilda! Doutor... O Senhor está de brincadeira?
- E isso aqui é lugar de brincadeira cidadão? Você fica por aí futricando com quem não deve, é justiçado por algum pai ou marido desonrado e vem aqui perguntar se eu sou palhaço?
- Mas... Mas... Não é nada di...
- Silêncio! Isso está me cheirando a um caso de estupro presumido! Desde o momento em que você entrou por aquela porta eu vi que havia algo de errado. Bem que eu notei que você faz bem o tipo daqueles que não prestam. Ribamar! Jackson! Autuem esse sem vergonha aqui.
- Doutor! O que é isso Doutor?
- Cale a boca vagabundo! Tira esse sem vergonha da minha frente. Coloquem ele na cela coletiva e deixa os caras brincarem com esse estuprador de criancinha.
- Não! Doutor... Pelo amor de Deus! Gritava o pobre que ia sendo arrastado por dois oficiais em direção ás celas.
Doutor Augusto Mascarenhas respirou fundo se levantou e olhou pela janela enquanto dizia.
- Percebeu Dona Matilda? Esse safado quase que nos passa a conversa. Não fosse meu faro investigativo...
Dona Matilda preocupada em como reduzir a termo aqueles acontecimentos, sequer levantou o olhar, limitando-se apenas a responder com seu característico "hum rum".
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