terça-feira, 26 de agosto de 2008

30 ANOS

Bem... Hoje é um dia especial
Posso dizer que é o meu dia? Ou será que todos os dias são meus?
O importante é que realmente é uma data interessante.
Interessante porque hoje eu completo meus 30 anos. E acredito ter chegado à um terço da minha existência. Porque se o bom Deus assim permitir estarei sobre a terra até os 90...
O fato de olhar-me no espelho e ainda me ver um menino me assusta. Mas também me incomoda quando olho ao meu redor e me vejo cercado de pessoas mais jovens e me sentir tão velho.
Às vezes meu dia parece tão cinza e sem graça, às vezes tão brilhante que chega a ferir a visão... Mas ao final, quando a cor volta a aparecer, ou o brilho se torna menos intenso, percebo que é só mais um dia que se foi. A diferença é como aproveitei esse dia.
Incertezas, falhas, momentos tristes e depressivos. Luta, sofrimento, desanimo, desespero...
A gente vive e se sente cada vez mais frágil...
O que é pior, em muitas vezes acreditamos termos feito tudo certo e então o acaso nos surpreende, e nada mais será como planejamos.
Eis que então surge um novo dia.
Um novo sopro de esperança... ESPERANÇA... Acho que essa palavra é a mais linda que Deus colocou em nosso vocabulário.
Sim.. esperança pode ser a mais linda, mas a mais forte se chama VIDA!
A vida que deve ser vivida a cada dia, buscando que o dia de amanhã seja melhor que o dia de hoje.
A VIDA é a única coisa pela qual vale a pena morrer.
Para alguns homens, não há tristeza nem felicidade. Existe tão somente a vida... E para eles nada mais importa. Sentem-se como se já tivessem tudo.
Porque para eles basta estar vivo.
Para esses homens, Deus já fez muito em ter-lhes agraciado com esse presente tão maravilhoso. E não se sentem merecedores de nenhuma outra benção. Fazem seu próprio destino, escrevem sua própria história.
Eu admiro e invejo esses homens tão raros, e me esforço para ser um deles. Porque hoje para mim, bastou descobrir que estou vivo. A felicidade e a tristeza são somente dois lados da mesma moeda pela qual pagamos e recebemos pelo direito de viver. E é um preço tão insignificante.
A vida é o que realmente importa. A vida com seus altos e baixo. Vitórias, Empates e Derrotas. Com seus Heróis, Vilões, Vítimas e uma porção de coadjuvantes.
Mas o que torna a vida mais prazerosa é o convívio com outras vidas diferentes. Vidas de outras pessoas que são tão diferentes de nós. Vidas tão valiosas quanto às nossas próprias, e muitas vezes tão desvalorizadas.
Viver sozinho, talvez fosse ainda mais difícil.
E por esse motivo agradeço pela vida de vocês, que direta ou indiretamente têm contribuído para fazer minha vida mais fácil de ser vivida.
Recentemente descobri onde quero chegar, e ainda falta muito. Mas estou vivo, e isso é o que mais importa
Hoje é o meu dia.
30 anos de vida...
... e uma vida inteira pela frente.

domingo, 3 de agosto de 2008

Véu e Grinalda

Os noivos já haviam chegado, e o momento que eles mais aguardavam iria acontecer naquele momento.
Ele então desferiu-lhe um estrondoso tapa na face e lhe disse ríspido: "Você me vai até lá, e trata de pegar aquele buquê!"
Ela se levantou, limpou o rosto rubro que ainda ardia, ergueu a barra do seu vestido e correu para a frente das solteiras que se acotovelavam na esperança de um futuro melhor.
Reparou nas meninas de quatorze e quinze anos que se alvoroçavam, mas não teve tempo para se aborrecer com o fato de que aquilo ainda não era para elas.
Não pode deixar de notar as Tias velhas que nunca se casaram e que também estavam na disputa, mas não pode se irritar com o fato do momento delas já ter passado.
O pior de tudo eram as desquitadas que já tiveram sua oportunidade, mas deixaram passar, e tornava aquilo ainda mais competitivo. Mas ela não poderia perder seu tempo com coisas tão insignificantes, tinha que voltar sua atenção para tudo o que mais importava. Tinha que pegar o Buquê.
"Tenho que pegar esse buquê!" pensava ela, enquanto lágrimas lhe escorriam dos olhos.
Uma pena que ela viu a noiva.
Desgraçada! Ela poderia ser uma noiva ainda mais linda. E o seu noivo também não seria esse espantalho. Não, claro que não. Quando ela pegasse o buquê, ela poderia escolher. E é claro que o escolhido seria o filho da Lurdinha. O Henrique... Aquilo sim era um partidão...
Igreja? Não, o casamento seria em uma chácara, durante o dia. Embaixo de uma tenda shampagne, colocada sobre um gramado verde e exuberante.
E nesses devaneios se encontrava perdida e deles só saiu ao ser empurrada ao chão por uma adversária que notou o exato momento em que o buquê foi arremessado pela noiva sorridente.
Não bastasse o fato de ser atirada ao chão, ainda foi pisada por alguma tia gorda que tentava recuar enquanto algumas garotas mais ágeis despedaçavam o buquê ao tentar tira-lo das mãos da magrela sortuda.
Mas ela não viu nada disso.
Só sentiu o salto alto da gorda esmagar-lhe os braços costelas e o orgulho.

FELDON