quinta-feira, 21 de junho de 2012

No balanço do tempo


Quando cheguei às portas da velha casa encontrei a arvore centenária logo ao lado. Impávida e imponente.
Atado em seu galho pendia o saudoso balanço.
Deus, eu havia me esquecido do velho balanço.
Depois de muitos anos eu estava ali novamente diante do mais adorado brinquedo de minha infância. Sua velha tabua de ébano lustrada pelos anos e roupas das crianças que ali balançaram, estava convidativa.
Sentei-me, e logo um turbilhão de lembranças tomaram conta de minha mente.
Recordei-me de flores e pássaros. Dos cheiros, dos aromas, das cores e da felicidade.
Felicidade... que saudade sinto dela!
Ali sentado, lembrei de como aquele balanço me lançava para o alto. Quando se é criança, tudo parece gigantesco, enorme. Com a idade e a razão é que tomamos conta de que em verdade aquela grandeza era fruto de nossa minuscula existencia. Olhei para o galho de onde pendiam suas cordas, e percebi que era realmente muito alto. Aquela observação fez sentir-me ainda uma criança. Não! Fez-me sentir pequeno.
Talvez dissessem que foi por orgulho de adulto, ou fora por medo de estragarme as roupas, ou ainda por achar que aquelas cordas não me suportariam.
O que sei é que não balancei. Não faria mais sentido.Não balancei por dois motivos: minha insignificancia, e por não haver alguém para me empurrar.
D.C.M.S.S.!